Quando eu nasci, por Sloterdijk
Quando eu nasci eu fiz força para vir ao mundo. Minha mãe estava nove dedos dilatada,
mas eu emergi com a certeza de ser a última. Não fui programada, mas a vida por
si só impeliu seu querer.
Foi em uma terça. O dia em que nasce é o seu dia, está escrito,
empoeirado pelo mistério.
Encontrei olhos inseguros, mas muito queridos. Miúda em
estrutura, meu pai também abençoou, e só. Encontrei ainda um irmão, mas por
conta dos olhos de minha mãe eu não quis dizer muito. Deparei com pai, mãe e
irmão: e logo depois pai e irmão se foram e mãe e eu ficamos.
E durante toda minha vida tem sido assim: uma parte comigo,
a outra pro desconhecido. Buraco, que ora negro, ora o vir a ser, fez razão de
sempre sentir.
A minha morte me faz questionar: a minha não morte, essa que
agora está comigo enquanto escrevo, me faz continuar a questionar.
oi querida,
ResponderExcluirfiquei curiosa, e os olhos inseguros o que encontram hoje?
boas terças,
bj
gerusa
Os olhos deixaram de serem inseguros:
ExcluirAgora assistem a liquidez.
Estavam certos!
A dúvida, fêmea esquizofrênica.
Mas, neste momento, os olhos veem pela palavra:.
Organiza o caos dos sentidos.
Navega entre luzes, sons, sempre desperta: não há sossego quando o coração é uma pergunta
Um bj