segunda-feira, 17 de março de 2014

Quando eu nasci, por Nietsche

Quando eu nasci eu ri de mim mesma: eu que sempre me soube, me vi assim, sem saber quem era. Chorei muito, mas garanto, ri por dentro. 
Uma matrioska existencial. Pipoquei aos montes: me encontro espalhada nas pinceladas do dia, escorrida na noite, adentrando a paisagem que vem. Estou dobrada em cada papel.
Com quase todas as teorias de amor e ódio banidas, sou esculpida pela vida, gesso do tempo, obra prima: porque inacabada. E esvaziei-me: estou reaprendendo a olhar, a ouvir, a dizer. A morte não é minha, é do meu destino. Não cabe a revelação do mistério.
Tem dias que me pego tranquila, e isso me deixa nervosa. O nervosismo me faz evoluir para ser mais tranquila. Efeito estilingue: retrocedo para ir mais longe. No final das contas, o tempo não me deixa mentir. 
Percorro espaços, sou de carne e beijos escassos. O que me faz rimar com aço, é esse coração em frangalhos. Porque depois que eu nasci, conclui: não é só a morte, mas a vida, a vida também é minha.  

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