Quando eu nasci, por Nietsche
Quando eu nasci eu ri de mim mesma: eu que sempre me soube,
me vi assim, sem saber quem era. Chorei muito, mas garanto, ri por dentro.
Uma matrioska existencial. Pipoquei aos montes: me encontro
espalhada nas pinceladas do dia, escorrida na noite, adentrando a paisagem que vem. Estou dobrada em cada papel.
Com quase todas as teorias de amor e ódio banidas, sou
esculpida pela vida, gesso do tempo, obra prima: porque inacabada. E
esvaziei-me: estou reaprendendo a olhar, a ouvir, a dizer. A morte não é minha, é do meu destino. Não cabe a revelação do
mistério.
Tem dias que me pego tranquila, e isso me deixa nervosa. O
nervosismo me faz evoluir para ser mais tranquila. Efeito estilingue: retrocedo
para ir mais longe. No final das contas, o tempo não me deixa mentir.
Percorro
espaços, sou de carne e beijos escassos. O que me faz rimar com aço, é esse
coração em frangalhos. Porque depois que eu nasci, conclui: não é só a morte,
mas a vida, a vida também é minha.
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