O tempo é tudo o que somos*
Eu
entendi o recado que minha parte holística me faz acreditar e eis-me aqui.
Depois de quase quatro meses sem escrever algo neste quase “zero quilômetro”
blog, o caminho da dor foi necessário para voltar para o mundo virtual. Tudo
isso por conta de uma protrusão central e global do disco L4-L5. Ou em outras
palavras, uma inflamação nas últimas vertebras da minha coluna. Resumindo: dor,
dor e mais dor.
Para
compensar, o tempo me foi reesignificado: porque o tempo diz quem somos; não só
o tempo que acumula conhecimentos, bagagens, mas o tempo enquanto presente, o
agora. O que você estiver fazendo num exato momento, dirá muito sobre suas
escolhas, sobre seus caminhos, sobre a própria vida. Óbvio para quem tem tempo
para tal reflexão. Como o tempo do agora, aquele em que realmente é vivido pelo
seu instante é raro, pois como belamente disse John Lennon em “Beautiful Boy”
(Darling Boy) Life is what happens to you /While you're busy making other plans (Vida é o que acontece a
você/Enquanto você está ocupado
fazendo outros planos). Ficar em casa sem me preocupar com o tempo, deliciar-me com o uso desta medida arbitrária da duração das coisas percebendo
minhas escolhas foi uma reflexão de respeito para minha existência: em apenas um dia li uma revista tanto quista, mas que estava envelopada havia mais de um
mês; li também meus e-mails, mas também agradeci/respondi aqueles que mais
apreciei; retirei os vídeos e fotos (!!!!!!!) de meu celular e salvei-as em meu
computador (há quanto tempo eu queria –e precisava- fazer isso!!!); conversei com minha mãe, escrevi, encontrei com meu namorado, contou-me histórias (quem encontra ainda pessoas que saibam contar histórias?) depois assistimos o pôr-do-sol...enfim, vivi.
Bom, o que
quero dizer é que tempo de férias é diferente de um tempo forçado como o que estou
tendo: nas férias você se organiza, põe em ordem tudo aquilo que na correria do
dia-a-dia acaba ficando para trás; planeja mil coisas, pois ficar parada, sem
fazer nada, é uma grande perda de tempo. Ou seja, faz exatamente o que a canção
de Lennon diz. Pelo menos para mim, tem sido assim já faz um tempo...
De qualquer
forma, tô pra ver o cabra -em tempos de corrida rumo ao crescimento através do
labor da vida social- que me convencerá que se dar um tempo, que ficar no ócio,
na surpresa das coisas, pura vagabundagem é ruim: deixar o tempo correr, como eu
estou deixando por esses dias (mesmo com uma dor que faz com que eu, em alguns
momentos, queira justamente que o tempo passe depressa) é deixar-se ser não só
agente como expectador de uma vida que encanta caso tenha sensibilidade, inteligência,
humildade e, claro, tempo para observá-la.
*La Nuova Gioventú – Legião Urbana
O ócio como benção ou maldição. Você ai, em seu repouso forçado (porque o corpo é obediente as suas nessecidades, nós é que ignoramos) e eu em meu exercicio de maternidade, que me tirou de minhas atividades comuns...rs vc bem sabe quais são, teatro, música, arte como um todo. E para mim o tempo é lento, não anda. Enquanto que para o meu filho (Francisco) ele corre, pois parece que pisquei e o bebê recém nascido já completou 3 meses. Incrivel.
ResponderExcluirQue o tempo corra como tem que correr, e não como eu quero que corra. Peço apenas que esse tempo seja pleno em amor. Pra todos nós.
Se cuide, minha flor. Ouça o que seu corpo pede.
"O tempo perguntou para o tempo quanto tempo o tempo tem... e o tempo respondeu para o tempo que tem tanto tempo quanto tempo o tempo tem!!!!!!!!"
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