segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Ir ao show do Morrissey fez todo sentido para mim: poesia, dramaticidade e afirmação da existência são alguns dos conceitos que sempre apreciei e isso tudo aconteceu na apresentação do último sábado. Foi um reencontro de um amor adolescente. Eu era fã de Renato Russo, que dizia ter um grande sonho de conhecer o vocalista inglês, foi assim que acabei chegando até esse. O preâmbulo do show começou na voz de uma cantora (se alguém souber quem é, por favor me diga) que anunciou o tom da noite. A apresentação misturou imagens e vídeos as canções numa concomitância exacerbada, lírica, melancólica: vídeos de violência de policiais, onde a nitidez de alienação desses mostraram como podemos nos deixar levar por ideologias extremistas (olha aí o sufixo ISTA...). A pior parte foram os vídeos de matança animal para consumo, horripilantes, chocantes, estilo Lars von Trier, anunciados por falas como "com mais de oitenta divindades na Terra, nenhuma delas conseguiu salvar os homens". Muitas imagens eram flamencas, dialogando com canções latinas, cantadas inclusive em espanhol pelo violeiro da banda. Sim, Morrissey foi gentil com os músicos, deixou espaços para cantaram, solarem, apresentarem-se. Para o público, somente ele. Quando alguém da plateia resolveu tietar dando um berro, simplesmente ouviu "Do you need a microphone?". Era a hora e a vez de Morrissey neste momento brilhar com uma canção com apenas voz e violão. A gentileza do músico para com o público foi isso, sua performance: que voz!!! Estava afinado, preciso, cortante. Quanta vitalidade também. Ao final, até tirou a camisa, deixando aparentar que em meio aos problemas de saúde, a música o mumificou. Uma lenda que consegue oferecer um show incrível, tocando apenas uma música dos Smiths. O show foi do Morrissey, o show era o Morrissey e confesso: lágrimas rolaram diante de tanta beleza, exuberância e força. E está tudo até agora, ressoando, existindo, cantando...



 

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